segunda-feira, 1 de julho de 2019


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Componente: Microbiologia: Noções básicas
 Docente: Marcelo Ehlers Loureiro
 Discente: Bruna Alves da Silva



  
Vibrio vulnificus
                                                                   
Vibrio vulnificus é uma bactéria, sendo um domínio de microorganismos unicelulares, procariontes - não possuem envoltório nuclear e organelas membranosas; tem a sua classificação científica pertencente a taxonomia: Reino: monera.; Filo: Proteobacteria; Classe: Gammaproteobacteria; Ordem: Vibrionales; família: Vibrionaceae; Gênero: Vibrio; e Espécie: V. vulnificus. A espécie mais conhecida do gênero é o Vibrio cholerae (cólera), visto que V. vulnificus é mais recente, foi relatado pela primeira vez em 1976 como vibrio lactose-positivo, sendo a espécie da bactéria gram-negativa que vive em ambientes marinhos, enquanto o da cólera, em 1883 e em diversos ecossistemas.

Figura 1:w: pt: Microscopia eletrônica de varredura em cores falsas de w: pt: Bactéria Vibrio vulnificus (esta imagem foi copiada da Wikipédia: pt; ver histórico abaixo)


O microorganismo V. vulnificus pode ser encontrada principalmente em frutos-do-mar contaminados, como as ostras e os caranguejos,  é altamente invasivo e produz diversos fatores que o protegem do sistema imunológico do hospedeiro, incluindo um fator de soro-resistência, um polissacarídeo capsular e a habilidade de adquirir ferro pela transferrina ferros saturada. Produz diversas exoenzimas, incluindo a termo-instável hemolisina ou citolisina e a protease elastolítica, a qual provavelmente causa os danos celulares. Além disso, pode ser isolado a partir de moluscos e águas litorâneas. É raramente isolado de águas do mar com temperaturas inferiores a 13ºC, mas os números aumentam quando a temperatura da água é superior a 21ºC.







Figura 2: A tabela 1 encontra se presente na pesquisa de Landgraf, Leme e Garcia, retratando os alimentos do estudo e sua porcentagem de presença encontrada em cada do litoral paulista.




Na pesquisa de Garcia Moreno e Landgraf, alertam, apesar de não se ter casos documentados de infecções por V. vulnificus no Brasil, foi encontrado sua presença em 55,5% das amostras analisadas neste trabalho, e isso é alarmante, diante da perspectiva que além da extensão do território brasileiro, todo ele se encontra em regiões de clima tropical e temperado, com temperaturas propícias ao desenvolvimento dessa bactéria. A presença de cepas de V. vulnificus em ostras, mariscos e camarões demonstra que esses alimentos são veículos desta bactéria sendo, portanto, potencialmente, perigosos para a saúde pública como mostra a figura 2, principalmente por pessoas consideradas na faixa de risco, isto é, imunocomprometidos, com doença hepática crônica, hemolítica ou renal.
Transmissão
O contágio é feito através da ingestão de frutos do mar crus contaminados,  ou então, por exposição de feridas à água do mar. KLONTZ et al.  descreveram os sinais clínicos e a epidemiologia das infecções causadas por V. vulnificus - septicemia primária, infecção de feridas e infecção gastrintestinal. No que se refere à mortalidade, o grupo mais suscetível são idosos e pessoas imunocomprometidas, inclui-se também, aqueles que sofrem de distúrbios crônicos do fígado e de alcoolismo crônico. A bactéria se difere dos demais vibrios patogênicos, sendo que invade e há multiplicação na corrente sanguínea. Somando a isso, podemos dizer que há alto grau de mortalidade neste grupo, visto que ocorre em 40% a 60% dos casos.
Sintomas Os sintomas são são febre, tremores, náuseas e lesões na pele. O primeiro sintoma pode ocorrer cerca de 24 horas, a partir de 12 horas até vários dias, após a ingestão de frutos do mar crus contaminados, seguidos por feridas na pele e septicemia. A sepse ocorre quando substâncias químicas liberadas na corrente sanguínea para combater uma infecção desencadeia uma inflamação em todo o corpo, gerando várias alterações em sistemas fisiológicos, levando-os a falhar e, às vezes, resultando em morte.





Figura 3: Septicemia ou sepse, também chamada de
infecção generalizada, caracteriza-se por uma série de
manifestações, como fase mais grave em resposta a uma
infecção de um agente externo, como no caso do vibrião,
que afeta os órgãos, podendo levá-los à falência.







Tratamento O tratamento não é específico, mas com antibióticos, como cefalosporinas e tetraciclina são a melhores formas de tratamento na atualidade. Além de tratar os sintomas seja em septicemia, infecção de feridas e infecção gastrintestinal de acordo com o seu grau. Em caso do grupo de risco, requer maior atenção visto a gravidade da sua condição de imunocomprometimento. 
Prevenção
A prevenção se encontra em evitar o consumo de frutos do mar crus, preferindo por cozidos, visto que o calor é capaz de inviabilizar o contágio. Entretanto, ao  grupo de risco, imunocomprometido, deve evitar o risco da alimentação principalmente de caranguejos e ostras crus, devido ao risco potencial. Referente ao contágio por meio de exposição de feridas em águas marinhas, evitar o período no qual a temperatura está mais quente que favorece a multiplicação do microrganismo. No entanto, ainda há pouca informação sobre o impacto desse gênero para a saúde pública, sendo necessários constante atualizações para o melhor entendimento da patogenia desta espécie.




Referência:



GARCIA MORENO, Maria Luz; LANDGRAF, Mariza. Ocorrência de Vibrio vulnificus em alguns alimentos de origem marinha. Ciênc. Tecnol. Aliment.,  Campinas ,  v. 17, n. 2, p. 177-180,  Aug. 1997. Disponível em: . Acessado:  27 de Junho de 2019.  

LANDGRAF, M.; LEME, K.B.P.; GARCIA, M. L. Occurrence of emerging pathogenie Vibrio spp. in seafood consumed in Sao Paulo city, Brazil. Rev. Microbiol., São Paulo, v.27, p.126-130, 1996.   


KLONTZ, K.C.; SPENCER, L.; SCHREIBER, M. et al. Syndromes of Vibrio vulnificus infectons: clinical and epidemiologic features in Florida cases, 1981-1987. Ann. Intern. Med., Philadelphia, v. 109, p.318-323, 1988. Disponível em: . Acessado:  27 de Junho de 2019. 



MATTÉ, G.R.; MATTÉ, M.H.; RIVERA, I.G. et al. Distribution of potentially pathogenic vibrios in oysters from a tropical region. J. Food Prot., Ames, v.57, n.10, p.870-873, 1994b.


PEREIRA, Christiane Soares et al . Vibrio spp. isolados a partir de mexilhões (Perna perna) in natura e pré-cozidos de Estação Experimental de Cultivo, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Ciênc. Tecnol. Aliment.,  Campinas ,  v. 27, n. 2, p. 387-390, June 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-20612007000200030&lng=en&nrm=iso>. Acessado:  27 de Junho de  2019.



SILVEIRA, Débora Rodrigues et al . Fatores de patogenicidade de Vibrio spp. de importância em doenças transmitidas por alimentos. Arq. Inst. Biol.,  São Paulo, v. 83, e1252013, 2016. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S180816572016000100401&lng=en&nrm=iso>. Acessado:  27 de Junho de  2019.


TAMPLIN, M.L.; MARTIN, A.L.; RUPLE, A.D. et al. Enzyme immunoassay for identification of Vibrio vulnificus in seawater, sediment, and oysters. Appl. Environm. Microbiol., Washington, v.57, n.4, p.1235- 1240, 1991.

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