segunda-feira, 1 de julho de 2019

Aerococcus viridans var. homari (Gaffkaemia)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DA BAHIA
MICROBIOLOGIA: NOÇÕES BÁSICAS

DOCENTE: Marcelo Ehlers Loureiro
DISCENTE: Taís Almeida Souza dos Santos
2019.2


Existem muitos tamanhos e formas de bactérias. A maioria das bactérias varia de 0,2 a 2,0 μm de diâmetro e de 2 a 8 μm de comprimento. Elas possuem algumas formas básicas: cocos esféricos (que significa frutificação), bacilos em forma de bastão (que significa bastonete) e espiral. Os cocos geralmente são redondos, mas podem ser ovais, alongados ou achatados em uma das extremidades. Quando os cocos se dividem para se reproduzir, as células podem permanecer ligadas umas às outras. Aqueles que se dividem em dois planos e permanecem em grupos de quatro são conhecidos como tétrades.

Figura 1 - Bactéria tétrade

                                  
   (Fonte: Tortora 2012)

                                      

Gaffkaemia é uma doença bacteriana de lagostas com garras, é causada por microorganismos Gram-positivos, formadores de coccus tetrades, Aerococcus viridans var. homari. Descoberta em 1947 em lagostas americanas (Homarus americanus) em um tanque no Maine, foi originalmente descrito como "Gaffkya homari" por Hitcher e Snieszko, mas o nome do gênero Gaffkya foi rejeitado em 1971, e a bactéria gaffkaemia foi reconhecida como subespécie ou variedade de Aerococcus viridans por Kelly e Evans em 1974, cientificamente nomeada de Aerococcus viridans var. homari.

         Figura 2 - Gaffkaemia
     Fonte: Weblabor
           
 A doença não se manifesta nos estágios iniciais e intermediários da infecção, sendo assim as lagostas se enfraquecem pouco antes da morte. Quando lagostas em um estágio avançado da infecção são removidas da água, elas morrem dentro de 20 a 30 minutos.
 Os efeitos da infecção incluem letargia (tipicamente vista como uma cauda caída nas lagostas), anorexia e uma cor rosa no lado ventral do abdômen, o que dá à doença seu nome alternativo de doença da cauda vermelha ou doença da cauda rosa.
Os efeitos da gaffkaemia são retardados pelas baixas temperaturas, de tal forma que a morte pode ocorrer dentro de dois dias após a infecção a 20 °C, mas pode levar mais de 60 dias a 3°C.
            Apenas cinco bactérias podem levar à doença clínica. Quando entram no hospedeiro, as bactérias colonizam o coração e o hepatopâncreas. Elas podem ser engolidas pela fagocitose nas células do sangue da lagosta, mas continuam a sobreviver dentro das células do sangue, alimentando-se do citoplasma. A contagem de células do sangue da lagosta diminui e a infecção se desenvolve em septicemia.
 Os estoques de glicogênio no hepatopâncreas se esgotam, as concentrações de glicose e ácido láctico no sangue caem e as concentrações de trifosfato de adenosina nos músculos também caem. Em uma infecção grave, a capacidade da hemocianina do pigmento sanguíneo da lagosta de transportar oxigênio pode ser reduzida em até 50%.
            O método clássico de diagnóstico é a cultura de alíquotas de hemolinfa em caldo de álcool feniletílico. Culturas contendo gaffkaemia mudam de cor de roxo para amarelo e formam tétrades de cocos. Para reduzir o tempo de espera de quatro dias necessário para o diagnóstico, um método utilizando a técnica de fluorescência indireta de anticorpos (IFAT) foi desenvolvido e, mais recentemente, métodos baseados em PCR.
                                                                                                                                                                             Figura 3 - Gaffkaemia 
  (Fonte: RR School of nursing)
(a) Coloração de Gram de hemolinfa contendo Aerococcus viridans var. homari, o agente causador de Gaffkemia em Homarus americanus. Note a formação de tétrades por cocos individuais. Fotografia cortesia de L.Marks e J.E. Stewart. Coloração de Gram, x 1000. (b) Corante de anticorpo imunofluorescente indireto  de Aerococcus viridans var. homari (Gaffkemia) em hemolinfa  de Homarus americanus. Fotografia cortesia de L. Marks e J.E. Stewart.Técnica de anticorpo fluorescente indireto (IFAT), x 1000.


            Gaffkaemia é enzoótica na América do Norte e causa pouco dano a populações selvagens de lagostas H. americanus. Na lagosta europeia (Homarus gammarus) no entanto, é muito destrutiva.
 Lagostas europeias mantidas nos mesmos tanques que lagostas americanas podem ser mortas em poucos dias. Várias outras espécies de crustáceos podem ser infectadas com Gaffkaemia, mas não desenvolvem doença grave e as lagostas espinhosas parecem ser imunes ou resistentes à bactéria. 
O principal método para controlar a incidência de gaffkaemia é melhorar a higiene do ambiente de vivência do crustáceo. Outras medidas incluem limitar o dano ao exoesqueleto (impedindo a entrada da bactéria), reduzindo a temperatura da água e reduzindo a densidade de estocagem. Os antibióticos podem ser eficazes contra a bactéria, mas apenas a tetraciclina é atualmente aprovada pela Food and Drug Administration dos Estados Unidos para uso em lagostas americanas.

Referências:
 
Daily Mail Reporter. Fears for British lobster industry after diseased Canadian crustaceans found off Devon coast. https://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-1348274/Fears-British-lobster-industry-diseased-Canadian-crustaceans-Devon-coast.html> Acesso em: 30 de junho de 2019
 
WeblaborSp. Resultados para Gaffkya. Disponível em:<http://www.weblabor.com.br/?s=gaffkya+> Acesso em: 30 de junho de 2019.
 
RR School of Nursing – Invertebrate Pathology. Outubro de 2017. Disponível em: <https://www.rrnursingschool.biz/invertebrate-pathology/gramnegative-bacteria-1.html> Acesso em: 01 de julho de 2019.
 
P.D. STEBBING. Limited prevalance of gaffkaemia (Aerococcus viridans var. homari) isolated from wild-caught European lobsters Homarus gammarus in England and Wales. PubMed, Canadá, Vol 100: 159-167, Agosto de 2012. Disponível em:<https://www.researchgate.net/publication/233787577_Limited_prevalance_of_gaffkaemia_Aerococcus_viridans_var_homari_isolated_from_wild-caught_European_lobsters_Homarus_gammarus_in_England_and_Wales> Acesso em: 01 de julho de 2019.
 
US National Library of Medicine National institutes of Health. Phenotypic characterization, cellular fatty acid composition, and DNA relatedness of aerococci and comparison to related genera. Disponível em:<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC269634/> Acesso em: 30 de junho de 2019. 

TORTORA, G; FUNKE, B; CASE, C. Microbiologia: 10 ed. Porto Alegre: Artmed, 2012 

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