segunda-feira, 1 de julho de 2019

Streptobacillus moniliformis: Febre por mordedura de ratos





Componente: Microbiologia: Noções básicas
 Docente: Marcelo Ehlers Loureiro
Discente: Huátila Fonseca Brito




O que são bactérias?

As bactérias são um dos organismos mais antigos existentes. Elas são microrganismos celulares, procariotos, que podem viver isolada ou agrupadas em colônias. A sua célula é dividida em quatro partes, sendo elas:
·         Membrana plasmática
·         Hialoplasma
·         Ribossomo
·         E cromatina (uma molécula de DNA circular que constitui um único cromossomo)

Bactérias.
(fonte: Google imagens- 2019)


Morfologia das bactérias

As bactérias são divididas em 3 grupos:
·         Cocos: Podem formar diferentes arranjos, de acordo com a sua divisão celular (em plano único, ou em vários planos):
1.    Diplococos não Cocos agrupados 2 a 2 (divisão em um único plano).
2.    Estreptococos vários cocos dispostos em cadeia, similar a um cordão de pérolas. (divisão em um único plano).
3.    Tétrades - Grupos de 4 cocos unidos (divisão em 2 planos).
4.    Sarcinas - Grupos de 8 cocos unidos, de forma semelhante a um cubo (divisão em 3 planos).
5.    Estafilococos - Cocos agrupados de forma aleatória, semelhante ao formato de um cacho de uvas (divisão em muitos planos).

·         Os bastonetes (ou bacilos) são Bastonetes longos ou curtos com extremidade reta ou de ponta arredondada, ou ainda curvos, em forma de vírgula. Se dispõem tantos em arranjos como os cocos, sendo que, na sua grande maioria, se apresentam de forma isolada. Porém, ocasionalmente podem ocorrer aos pares (diplobacilos) ou em cadeias (estreptobacilos/ streptobacillus).

·         Espirilos: Forma de hélice, saca-rolha ou espiralar.

Tipos de bactérias. 
(fonte: Google imagens- 2019)



O que é um streptobacilus moliniformes?

O Streptobacillus moniliformis é uma bactéria gram-negativa, em forma de bastonete , não móvel, membro da família Leptotrichiaceae. O genoma de S. moniliformis é uma das duas seqüências completas da ordem Fusobacteriales. Ela pertence ao Reino: Monera; Filo: Fusobactérias; Classe; Fusobacteria Ordem; Fusobacteriales Família: Leptotrichiaceae; Gênero: Streptobacillus Espécies: S. moniliformis.
Os primeiros relatos sobre a Streptobacillus moniliformis, foi pelo microbiologista alemão H. Schottmüller que observou  um homem mordido de rato em 1914, e  o descreveu como Streptothrix muris ratt.


Streptobacillus Moniliformis
(fonte: Google imagens- 2019)

Febre por mordedura de ratos

Normalmente os ratos procuram fugir do homem, mas quando estão acuados, tendem a encontrar uma maneira de fugir, se não conseguirem como mecanismo de defesa podem arranhar ou morder o ser humano. Na idade media era usados ratos como um método de tortura na Alemanha medieval, segundo Sanchez (2014), neste método, um recipiente com ratos famintos era colocado sobre a barriga da vítima. Enquanto o recipiente era aquecido lentamente, os ratos aflitos começavam a roer qualquer coisa que estivesse em seu caminho.
Método de tortura
(fonte: Google imagens- 2019)


Os ratos são vetores de varias doenças perigosas para o seu humano, as mais conhecidas são a leptospirose e o hantavirose, e as vezes podem causar tétano. Vale ressaltar que qualquer mordida de ratos, devem ser limpas e tratadas rapidamente.
Existe uma doença conhecida como febre de mordedura de rato ou ratazana, ela pode ser transmitida pela mordida, urina ou fezes de ratos e ratazanas contaminadas.
Mordida de rato
(fonte: Google Imagens- 2019)


Essa doença não restringe somente a ratos, mas também pela mordida de qualquer roedor como camundongos silvestres e doninhas ou de um predador que ataque os roedores contaminados como cães e gatos.


Doninha
(fonte: Google Imagens- 2019)


Rato
(fonte: Google Imagens- 2019)

Ratos
(fonte: Google Imagens- 2019)


Quais os efeitos da streptobacillus moniliforis nos órgãos humanos?

Os casos de morte de pessoas que contraíram streptobacillus moniliforis são relativamente baix ,portanto tem poucos dados referentes. Em autopsias de vítimas de febre de mordida de rato foi observado que a grande maioria apresentava eritrofagocitose, hepatomegalia que é um aumento do fígado e baço, pneumonia intersticial, hiperplasia de seio linfonodal, endocardite e miocardite, juntamente com alterações degenerativas nos rins e no fígado.
Hepatomegalia
(fonte: Google Imagens- 2019)


Os dados radiológicos sugerem que a febre da mordida de rato pode causar danos às fissuras e acrofisias dos ossos, semelhantes aos danos induzidos por congelamento. A biópsia de lesões cutâneas na febre da mordida de ratos demonstrou vasculite leucocitoclástica.

Patogenia

 Segundo Bush e Perez (2017), a febre de mordedura de ratazana é causada pelo bacilo Gram-negativo pleomórfico Streptobacillus moniliformis, um microrganismo presente na orofaringe de ratos saudáveis. os ratos são portadores sadios.
Streptobacillus Moniliformis
(fonte: Google Imagens- 2019)

Sintomas nos Animais

Ás vezes, são observadas lesões purulentas nesses animais. S. moneliformes é patogênico para camundongos e em algumas epizootias se registrou alta morbidade e mortalidade com sintomas como poliartrite, gangrena e amputação espontânea dos membros. Em cobaias, pode produzir uma linfadenite cervical com grandes abscessos nos gânglios linfáticos regionais, Acha e Szyfres (2001).

Sintomas nos seres Humanos

Alguns dos sintomas e complicações descritos por Bush e Perez (2017) indicam que normalmente a lesão causada pela mordida geralmente cicatriza rápido, mas uma vez, o indivíduo sendo contaminado pela streptobacillus moniliformis, a bactéria passa por um período de incubação de 1 a 22 dias, sempre maior que 10 dias, após esse período aparece sintomas como viral-símile se desenvolve brutalmente provocando vários sintomas como:
·         Febre (38 a 41oC)
Febre
(fonte: Google Imagens- 2019)
·         Calafrios e vômitos
·         Cefaleia  
·         Dores nas costas e nas articulações, aproximadamente 3 dias.
Dor nas costas
(fonte: Google Imagens- 2019)

·       Poliartralgia ou artrite assimétrica que atinge geralmente as articulações. Causando dor, vermelhidão e inchaço nas articulações.
·         Erupções cutâneas (maculopapulares, vermelhas ou púrpuras)
Erupções Cutâneas
(fonte: Google Imagens- 2019)
·         Dor de cabeça

Diagnostico

Já o diagnóstico segundo Tremolieres (2009) é principalmente baseado nos sintomas clínicos, e a descrição da ocorrência de uma mordedura de ratazana, juntamente com o curso clínico e crescimento característico dos agentes infecciosos em culturas de sangue, líquido sinovial ou do tecido da ferida.

Meios Bioquímicos de identificação

Aglutininas mensuráveis desenvolvem-se durante a segunda ou terceira semana e são importantes para o diagnóstico, se houver aumento nos títulos. Outros exames que podem auxiliar no diagnóstico são o de PCR ou ELISA podem auxiliar. O cultivo deve revelar um bacilo pleomórfico fastidioso, imóvel, gram-negativo e micro-aerofílico. A contagem de leucócitos encontra-se entre 6.000 e 30.000/μl. Sorologias para sífilis não treponêmica (Venereal Disease Research Laboratory [VDRL] ou testes rápidos de reagina no plasma) podem ser falsamente positivos. A forma estreptobacilar em geral pode ser diferenciada clinicamente de a forma espiralar (BUSH; PEREZ 2017).
.
Tratamento

O tratamento para essa doença é realizado pela administração de antibióticos o mais comum e eficaz é a penicilina G, porem nos pacientes que tem alergia a esse medicamente, administra-se a tetraciclina e estreptomicina.
As doses administradas incluindo amoxicilina, 1 g, VO, a cada 8 h; penicilina G procaína, 600.000 unidades, IM, a cada 12 h; ou penicilina V, 500 mg, VO, 4 vezes/dia, durante 7 a 10 dias. Eritromicina, 500 mg, VO, 4 vezes/dia, pode ser usada em pacientes alérgicos à penicilina. Doxiciclina, 100 mg, a cada 12 h, durante 14 dias, é uma alternativa.
Penicilina G
(fonte: Google Imagens- 2019)
Prognostico

O prognostico para essa doença é excelente, mas se não for tratado ele pode causar complicações como endocarte, miocardite, meningite, pneumonia ou sepse, com taxa de mortalidade para enfermidade por volta de 10%.

Como evitar?

As principais medidas de prevenção da febre da mordedura de ratos é a higienização do ambiente, removendo lixos, entulhos que possam servir de moradia para esses animais, e de outros vetores de doenças, além de manter as plantas bem cuidadas.
Higiene do ambiente
(fonte: Google Imagens- 2019)

Higiene do Ambiente
(fonte: Google Imagens- 2019)


Em caso de mordida de ratos, quais os procedimentos?

Caso a pessoa seja mordida por um rato, deve-se tratar o mais rápido possível, afim de evitar complicações. Os primeiros socorros que dever ser realizados são:
·         Lavar o ferimento com água corrente e sabão, ou com soro fisiológico, durante 5 a 10 minutos, removendo restos de saliva ou qualquer impureza que possa estar contaminando a ferida;
·         Cobrir a região com uma gaze ou pano limpo;
·       Ir ao posto de saúde ou pronto-socorro, onde poderá ser feita nova lavagem da ferida, a desinfecção com povidine ou clorexidina e, caso seja necessário, a remoção de algum tecido morto e sutura pelo médico.
Após o procedimento, é feito um curativo, que deve ser trocado no dia seguintes ou antes, caso o curativo molhe ou fique sujo com sangue ou secreções. Caso a ferida passe a apresentar sinais de infecção, como secreção purulenta, vermelhidão ou inchaço, o médico poderá prescrever o uso de um antibiótico.
Cuidados
(fonte: Google Imagens- 2019)

Curiosidades

·         streptobacillus moniliformis, é muito similar à espirilose ou sodoku causada pelo Spirillum minus, que também é transmitida pela mordida/arranhadura de roedores, essa ultima é comum na
·         Algumas epidemias foram associadas a ingestão de leite não pasteurizados.
Leite não Pasteurizado
(fonte: Google Imagens- 2019)
·         Existe uma estimativa de cerca de 40.000 casos de mordidas ratos por anos, aonde desses cerca de 2% causaram infecções.
·     O maior numero de notificações em um único local foi na Grã-Bretanha. Isso afetou 304 pessoas em uma escola de alunos de uma área rural, que constituía 43% de todos os alunos e funcionários do estabelecimento.



Referências


ANDRADE, A., PINTO, SC., and OLIVEIRA, RS., orgs. Animais de Laboratório: criação e experimentação[online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2002. 388 p. ISBN: 85-7541-015-6. Available from SciELO Books. Disponivel em http://books.scielo.org/id/sfwtj/pdf/andrade-9788575413869-26.pdf acesso em 28 de junho de 2019.
ACHA, P. M. & SZYFRES, B. Zoonosis y Enfermedades Transmisibles Comunes al Hombre y a los Animales. 2.ed. Washington, D.C.: Organización Panamericana de la Salud, 1986. Disponivel em https://www.paho.org/hq/dmdocuments/2017/Acha-Zoonosis-Spa.pdf acesso em 29 de junho de 2019

BUSH, Larry M; PEREZ, Maria T. Febre por mordedura de rato. 2017. Disponivel em: <https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/espiroquetas/febre-por-mordedura-de-rato > Acesso em 30/06/2019.

ESTREPTOBACILOSE. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2016. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Estreptobacilose&oldid=44803858>. Acesso em: 14 fev. 2016.

Gupta M, Oliver TI. Rat-bite Fever (Streptobacillus moniliformis, Sodoku, Spirillum Minor) [Updated 2019 Mar 18]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2019 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK448197/

Hryciw BN, Wright CP, Tan K. Rat bite fever on Vancouver Island: 2010-2016. Can Commun Dis Rep. 2018;44(9):215–219. Published 2018 Sep 6. doi:10.14745/ccdr.v44i09a05. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6449109/

Kasuga K, Sako M, Kasai S, Yoshimoto H, Iihara K, Miura H. Rat Bite Fever Caused by Streptobacillus moniliformis in a Cirrhotic Patient Initially Presenting with Various Systemic Features Resembling Henoch-Schönlein Purpura. Intern Med. 2018;57(17):2585–2590. doi:10.2169/internalmedicine.9856-17
.
NOGUEIRA Joseli Maria da Rocha; MIGUEL,  Lucieny de Faria Souza . Bacteriologia. Conceitos e Métodos para a Formação de Profissionais em Laboratórios de Saúde. Disponivel em < http://www.epsjv.fiocruz.br/sites/default/files/cap3.pdf> acesso em 23/06/2019.

"Reino Monera" em Só Biologia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2019. Consultado em 01/07/2019 às 22:28. Disponível na Internet em https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos/biomonera.php

REIS, Manuel. Primeiros socorros em caso de mordida de rato. 2019. Disponivel em <https://www.tuasaude.com/primeiros-socorros-em-caso-de-mordida-de-rato/>. acesso em 10/07/2019

SANCHEZ, Gabriel H. 16 métodos de tortura mais absurdos da historia. 2016. Disponivel em:  <https://www.buzzfeed.com/br/gabrielsanchez/16-dos-mntodos-mais-fodasticos-de-tortura-da-histo> acesso em 29/06/2019

STREPTOBACILLUS MONILIFORMIS .In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2016. Disponível em: <https://en.m.wikipedia.org/wiki/Streptobacillus_moniliformis>. Acesso em: 14 fev. 2016.


TREMOLIERES François. Febre por mordedura de rato. 2009. Disponivel em: < https://www.orpha.net/consor/cgi-bin/OC_Exp.php?Lng=PT&Expert=31205> Acesso em 30/06/2019

TORRES-Miranda D, MOSHGRIZ M, Siegel M. Streptobacillus moniliformis mitral valve endocarditis and septic arthritis: the challenges of diagnosing rat-bite fever endocarditis. Infect Dis Rep. 2018;10(2):7731. Published 2018 Sep 24. doi:10.4081/idr.2018.7731https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6176473/.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DA BAHIA INSTITUTO DE HUMANIDADES, ARTES E CIÊNCIAS-CAMPUS PAULO FREIRE MICROBIOLOGIA: NOÇÕES BÁSICA...