sexta-feira, 30 de agosto de 2019




UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DA BAHIA
INSTITUTO DE HUMANIDADES, ARTES E CIÊNCIAS-CAMPUS PAULO FREIRE
MICROBIOLOGIA: NOÇÕES BÁSICAS
QUADRIMESTRE: 2019.2
DOCENTE: PROF. DR. MARCELO EHLERS LOUREIRO





PEDRO HENRIQUE SOARES DOS SANTOS








Neurospora: um organismo modelo para estudos da biologia dos fungos


Sumário
1.    O que são fungos?
2.    Características gerais
3.    Qual o hábitat (local de vida) dos fungos?
4.    Os fungos podem ser ruins?
5.    Qual o maior organismo vivo da Terra?
6.    O fungo Neurospora
7.    Características genômicas
8.    Estrutura celular e Metabolismo
9.    Ciclos de reprodução
10. Ecologia
11. Atualidade: Neurospora e queimadas na Amazônia
12. Apêndice: Vídeo educativo
13. Direitos Autorais de Imagens
14. Referências


O que são fungos?


O nome fungo é empregado para designar organismos vivos eucariotas, ou seja, providos de membrana no núcleo da célula, que formam propágulos (esporos), não possuem clorofila e não produzem seu próprio alimento (são heterótrofos).

Características gerais





Qual é o hábitat (local de vida) dos fungos?
Eles se encontram nos mais diversos ambientes e estão muito relacionados com a vida humana – podendo ser encontrados em plantas, algas, animais, fungos e até mesmo nos seres humanos.







Qual a importância dos fungos?
A Microbiologia desenvolveu estudos nas áreas médicas, econômicas e biológicas sobre quatro grupos diferentes de microrganismos: os responsáveis pela fermentação, decomposição da matéria orgânica, aqueles causadores de doenças e os que vivem em associação com outros seres vivos.





O primeiro antibiótico contou com a ajuda de um fungo para sua formulação

Os fungos também podem ser ruins?
Sim! Os fungos podem ser encontrados parasitando plantas ou causando problemas de saúde como alergias e micoses em animais. Podem promover a deterioração de combustível e grande variedade de materiais, como equipamentos ópticos e outros materiais de grande valor como obras de arte e arquitetônicas.
Exemplos de doenças causadas por fungos
Pano branco


Também conhecida como micose de praia, esta infecção tem o nome científico de “Ptiríase versicolor”, sendo é provocada pelo fungo Malassezia furfur, que provoca manchas arredondadas na pele na cor branca, já que o fungo impede a produção de melanina quando a pele é exposta ao sol. Costumam aparecer mais na região do tronco, abdômen, face, pescoço ou braços. 

Como tratar: O tratamento costuma ser feito com cremes ou loções a base de remédios antifúngicos, como Clotrimazol ou Miconazol. No caso de lesões muito grandes, pode ser indicado o uso de comprimidos, como o Fluconazol. 

Candidíase

Existem várias espécies de fungos que fazem parte da família Candida, a mais comum a Candida albicans. Apesar de habitar naturalmente no nosso organismo, principalmente na mucosa da boca e na região genital, estes fungos podem causar diversos tipos de infecções no organismo, sobretudo quando o nosso sistema imunológico está comprometido. 
As regiões do corpo mais afetadas são dobras da pele, como virilhas, axilas e entre os dedos das mãos e dos pés, as unhas, e também podendo atingir mucosas, como boca, esôfago, vagina e o ânus. Além disso, a infecção pode ser grave a ponto de se disseminar pelo sangue atingindo órgãos como pulmões, coração ou rins, por exemplo.

Como tratar: O tratamento para Candidíase é feito principalmente com pomadas antifúngicas como Fluconazol, Clotrimazol, Nistatina ou Cetoconazol. Porém, emcasos mais sério com infecção no sangue e órgãos do corpo, podem ser necessário antifúngicos em comprimido ou na veia. 

Aspergilose


É a infecção causada pelo fungo Aspergillus fumigatus, que pode vir a afetar principalmente os pulmões, apesar de também provocar alergias ou atingir outras regiões das vias respiratórias, causando sinusites ou inflamações no ouvido, por exemplo. 
Este fungo é encontrado no ambiente, podendo estar inclusive dentro de casa, em ambientes úmidos, como cantos da parede ou banheiros. Ao invadir os pulmões através da respiração, o Aspergillus fumigatus provoca lesões, chamadas de bolas fúngicas ou aspergilomas, que podem causar tosse, falta de ar, catarro com sangue, perda de peso e até febre.

Como tratar: O tratamento para aspergilose é feito com antifúngicos potentes, como Itraconazol ou Anfotericina B, que devem ser usados de acordo com a orientação de algum profissional de saúde.

Qual o maior organismo vivo da Terra?

Um fungo do tipo parasita é considerado por muitos o maior organismo vivo da Terra.
Trata-se mais precisamente de um tipo específico do fungo Armillaria que fica em Blue Mountains, no Estado americano do Oregon, mede 3,8 km de comprimento. Há diversas espécies de fungos do gênero Armillaria, também conhecido como "cogumelo do mel". Eles colonizam e matam diversas árvores e plantas lenhosas – aquelas que produzem madeira. Os grandes grupos de cogumelos marrom-amarelados que vemos sobre o solo são apenas uma parte de organismos muito maiores.
Esses organismos são compostos de rizomorfos (estruturas com aspecto semelhante ao de raízes das plantas capazes de transportar nutrientes por grandes distâncias) pretos que lembram cadarços e se espalham sob a superfície em busca de novos anfitriões e de redes subterrâneas de filamentos tubulares conhecidas como micélios.
Mas foi apenas nos últimos anos que cientistas descobriram o tamanho que essas estruturas atingem.

O Fungo neurospora


A classificação do Neurospora compreende tanto as leveduras como os fungos. O filo Neurospora é comumente conhecido como “forma de pão laranja”. Recebeu atenção maior em 1843, durante a sua primeira infestação nas padarias francesas. O Neurospora foi domesticado para fins de pesquisa a partir de 1920.
Veja o a animação do crescimento do Neurospora: https://www.youtube.com/watch?v=IIptsAdgDE8
Taxonomia
Neurospora crassa

Características genômicas
Os pesquisadores Borkovich e Krystofova foram os responsáveis por catalogar os genes do fungo Neurospora. O Neurospora contém aproximadamente 10.000 genes (características de DNA herdadas). Na maioria dos fungos filamentosos, o crescimento, a morfogênese (seu formato) e a virulência  (capacidade de causar infecções) são controlados por uma via de proteína-quinase dependente de AMP cAMP (cAMP).
O Neurospora crassa contém um gene chamado poi-2. O trabalho desse gene é codificar uma proteína de 27 kDa. Pesquisadores criaram mutantes poi-2 que mostraram dois padrões: A primeira foi a típica mutação pontual induzida por repetição (RIP); o segundo foi a mutação inserção-deleção (processo em que se insere, e se “retira” um gene.   Ambas as mutações mostraram crescimento e fertilidade reduzidos. Eles concluíram que o gene poi-2 é responsável pela diferenciação de estruturas reprodutivas femininas, desenvolvimento peritecional (uma estrutura sexual a ser exemplificada no vídeo) e de crescimento normal. Eles também observaram que o POI2 protien é provavelmente um caminho comum na resposta de acasalamento.
O Neurospora crassa também tem um mecanismo de defesa incomum: RIP. Isso ajuda o organismo a destruir o DNA estranho. O RIP é um processo que ocorre durante cruzamento sexual. Uma grande quantidade de pesquisas genéticas sobre Neurospora foi realizada em nível molecular, das moléculas que é união de elementos químicos, muito pequenos. Exemplo de molécula: H20.
Os cientistas Cahan e Kennell fizeram pesquisas ilustrando semelhanças entre quatro plasmídeos (moléculas circulares duplas de DNA capazes de se reproduzir independentemente do DNA cromossômico)  no mtDNA de tipo selvagem de Neurospora crassa e outros genomas mitocondriais fúngicos.
Alguns pesquisadores usaram a estrutura genética do Neurospora para entender melhor os processos biológicos. Este mutante tem um fenótipo pleiotrópico (quando um gene determina mais de uma característica do indivíduo) e possui defeitos na fusão germinal (de crescimento) e hifal (quando cria-se uma espécie de braço do fungo). Os resultados do estudo indicam que isso é necessário para a fusão celular (a transformação de uma ou mais células em uma só).



Estrutura celular e Metabolismo
Diagrama do ciclo de vida de Neurospora crassa.

As estruturas celulares dos neurósporos compartilham muitas características comuns com outros eucariotos (tipo de organismos mais complexos, que possuem núcleo definido, por exemplo). O citoplasma é encerrado em uma membrana plasmática e as paredes celulares são tipicamente compostas de quitina. Existem pelo menos doze tipos de células especializados. As três mais comuns são as células hifal, condídio e ascósporo (nome dado às estruturas de um fungo). As paredes das células hifais são rígidas, exceto nas pontas, onde ocorre crescimento. Os tubos de anastomose conidial (TAC) são hifas especializadas. Eles são produzidos pelo mutante cr-1 sem AMP cíclico (cAMP) em conídios e tubos germinativos de conídios em Neurospora crassa. Os CATs são distintos do tubo germinativo. São menores, têm crescimento determinado e crescem um para o outro. Os ascósporos atuam como unidades de dispersão (espalhamento). Eles são mais resistentes ao estresse do que os conídios.
O modo como o Neurocóspora cresce depende de que tipo de organismo é. As leveduras (organismo pertencente ao reino dos fungos),crescem através da divisão celular, enquanto os fungos filamentais crescem por extensão e ramificação da ponta (“como se crescesse abrindo os braços”). Os fungos neurospora são um dos fungos filamentosos que mais crescem, com uma taxa de cerca de dez centímetros por dia.
Foi demonstrado que a Neurocóspora possui um ritmo circadiano, chamado ritmo de esporulação (ritmo de formação de esporos). Se, em algum momento, o micélio for transferido de um ambiente com muita luz e muita disponibilidade de alimentos para um ambiente com pouca luz e pouca disponibilidade de alimentos, o oscilador circadiano começará. Esses ritmos circadianos são causados ​​por mecanismos de compensação dentro das células. Eles funcionam como uma espécie de “relógio fisiológico do organismo”.
O neurospora frequentemente utiliza matéria vegetal queimada como fonte de alimento. Além disso, eles são conhecidos por crescer em pão e outros produtos alimentares. Esses organismos são heterotróficos.

Por serem membros da Ascomycota, a Neurospora se reproduz de forma sexual e assexual (sem contato entre as células reprodutivas masculinas e femininas). Os organismos neurospora passam a maior parte de sua vida como organismos haplóides (n).

Existem três ciclos sexuais diferentes: heterotálico, homotálico e pseudo-homotálico. Em um ciclo de vida heterotálico, o Neurocóspora possui duas linhagens de acasalamento, A e a.

As estirpes (origens) são determinadas por sequências de DNA alternativas num local cromossômico. O acasalamento só pode ocorrer entre cepas diferentes, o que resulta em células diplóides (2n) em sacos longos. A meiose produz quatro células haplóides. Essas células haplóides sofrem mitose dentro do asco, formando oito esporos. N. crassa é uma espécie heterotálica. Na reprodução homotálica, uma cepa haplóide individual pode sofrer reprodução sexual sem parear com outra cepa. Para sofrer meiose, um núcleo diplóide se forma pela fusão de dois núcleos haplóides. N. galapagoensis é uma espécie homotálica.

Na reprodução pseudo-homotálica, um esporo se transformará em uma mistura dupla de núcleos. Pode então passar pelo ciclo sexual sem ter que emparelhar com nada. N. tetrasperma é uma espécie pseduo-homotálica. No ciclo assexual, os esporos germinam e formam micélio, que produzem hifas aéreas, que produzem comídios.




 ECOLOGIA
A princípio, acreditava-se que a Neurospora estava presente somente em áreas tropicais e subtropicais. No entanto, também foi encontrado vivendo em florestas temperadas. A diversidade de espécies difere com base na localização geográfica. Por exemplo, a maioria da América do Norte é o lar de Neurospora discreta, a espécie menos comum de Neurospora. O sul da Europa, no entanto, abriga quatro espécies: N. crassa, N. discreta, N. sitophila e N. tetrasperma.

 O fungo neurospora é conhecido por sua capacidade de germinar após incêndios florestais; ajuda a decompor organismos queimados. O Neurospora é altamente valorizado para fins de pesquisa. Primeiro, por ser fácil crescer. Segundo, seu ciclo de vida simples facilita o estudo da genética e o mapeamento de genes. Como suas características o tornam ideal para pesquisas científicas, o Neurospora é considerado um organismo modelo.

O fungo Neurospora as queimadas na Amazônia

Atualmente, o Brasil assiste perplexo a um aumento do número de queimadas na região amazônica. 
É comum na época do ano em que estamos devido à redução do índice de umidade relativa do ar. 
Todavia, devido à crescente expansão da fronteira agrícola e procura pelo aumento das áreas de 
pastagens o problema tem se itensificado ao longo segundo dados do INPE. 
O Governo Federal acionou as Forças Armadas, A Polícia Federal e o IBAMA para ajudar no
 controle do fogo na região.

O fungo Neurospora por atuar ajudando na decomposição de organismos queimados, pode auxiliar na 
retomada gradual do crescimento da vegetação nativa recuperando a cobertura vegetal.



Apêndice
Vídeo autoral explicativo
Link das Imagens
Referências
BBC NEWS. Conheça o maior ser vivo do planeta. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/12/151202_vert_earth_fungo_lab. Acesso em: 28 ago. 2019.
DA SILVA, Ricardo Ribeiro; COELHO, Glauciane Danuza. FUNGOS PRINCIPAIS GRUPOS E APLICAÇÕES BIOTECNOLÓGICAS. In: DA SILVA, Ricardo Ribeiro; COELHO, Glauciane Danuza. Fungos: Principais grupos e aplicações biotecnológicas. Orientador: Dácio Roberto Matheus. 2003. Trabalho de Tese (Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente) - Instituto de Botânica de São Paulo, São Paulo, 2003. p. 20.
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DA UFMG. Neurospora Crassa. Disponível em: https://www.icb.ufmg.br/en/rss-noticias/657-neurospora-crassa. Acesso em: 27 ago. 2019.
IN VIVO FIOCRUZ. Espionando: No mundo dos fungos. Disponível em: http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=104&sid=2. Acesso em: 27 ago. 2019.
KASBEKAR, Durgadas P.; MCCLUSKEY, Kevin. Neurospora: Genomics and Molecular Biology. 1. ed. Norfolk,UK: Caister Academic Press, 2013.
MICROWIKI. Neurospora. Disponível em: https://microbewiki.kenyon.edu/index.php/Neurospora. Acesso em: 28 ago. 2019.
PENSAMENTO VERDE. A importância econômica e ecológica dos fungos. Disponível em: https://www.pensamentoverde.com.br/sustentabilidade/importancia-ecologica-economica-fungos/. Acesso em: 27 ago. 2019.
TUA SAÚDE. Doenças causadas por fungos. Disponível em: https://www.tuasaude.com/doencas-causadas-por-fungos/. Acesso em: 27 ago. 2019.
WASSERMAN, Steven A.; MINORSKY, Peter V.; JACKSON., Robert B.. Biologia de Campbell. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015. p. 660-661.

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Fungos Endofíticos e seus Benefícios para as Plantas



UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DA BAHIA – UFSB
CAMPUS PAULO FREIRE
COMPONENTE CURRICULAR: MICRO BIOLOGIA- NOÇÕES BÁSICAS
QUADRIMESTRE: 2019.2
DOCENTE: PROF. DR. MARCELO LOUREIRO
DISCENTE: SAMARA RODRIGUES MARCELINO
Fungos Endofíticos e seus Benefícios para as Plantas




Teixeira de Freitas BA
2019



O que são fungos Endofíticos? 



      Um endófito é um endossimbionte, muitas vezes uma bactéria ou fungo que vive dentro de uma planta por pelo menos parte de sua vida sem causar nenhuma doença aparente, ou seja, sua presença é assintomática nos vegetais, ocorrendo em todo o território terrestre. Os fungos endofíticos são uma fonte importante na obtenção de metabólitos secundários.  Em sua maioria, pertencem ao filo Ascomycota, habitando um nicho ecológico semelhante aos fitopatógenos. Normalmente, os endófitos são ubíquos e, até hoje, foram encontrados em todas as espécies de plantas registradas, sendo a maioria das relações ainda não bem compreendidas. A espécie hospedeira pode ser infectada pelo endófito tanto horizontalmente por lesões naturais e artificiais ou verticalmente pelas sementes do hospedeiro.




(LeveduraEndofítica-Cryptococcus lamentii - em estômato de citros).




      O termo “endófito” refere-se a qualquer micro-organismo que vive nos tecidos de plantas, diferente dos epifíticos que habitam a superfície dos vegetais. Os endófitos também são conhecidos por crescer dentro de liquens  e algas. Muitas gramíneas economicamente importantes carregam endófitos fúngicos, sendo que alguns demonstram o potencial de melhorar as taxas de crescimento e outros podem causar doenças humanas. Esses fungos possuem várias funções, como proteção do vegetal contra insetos, produção de antibióticos e outros medicamentos, proteção do vegetal contra o ataque de herbívoros e produção de substâncias que diminuem a atratividade da planta. 



      Estudos dessa área demonstram que existem mais de 1 milhão de fungos endofíticos no momento, os quais evidenciam ser extremamente diversos. Levando em consideração toda essa diversidade, há muitos medicamentos e usos diferentes de endófitos na vida cotidiana: medicamentos antifúngicos, avanços culturais como a manipulação de plantações, tornando-as maiores e de crescimento acelerado, medicamentos virais, produções de biocombustíveis e tratamento anticâncer, mercado iminente de pesquisa dos endófitos.



(Bacillus subtilis - endofítico produtor de antibiótico com ação contra o fungo fitopatogênico Rhizoctonia solani).


(Actinomiceto crescendo a partir de ramos de citros desinfetados superficialmente).


Curiosidade: 
Fungos endofíticos podem ser detectados por exame microscópico direto dos tecidos vegetais, e isolados a partir do hospedeiro. (Chapla, V. M. et al).




Fungos Endofíticos seriam então benéficos para as plantas? 


      Um grande exemplo de endófitos fúngicos usados para beneficiar as plantas e a agricultura são as plantações de tomate cultivados na Holanda, as quais produzem os maiores rendimentos de tomate do mundo. As demandas dos consumidores não apenas estimulam a produção, mas também impulsionam a qualidade do tomate e a sustentabilidade de seu cultivo.



          Instituições de pesquisa e empresas têm trabalhado para minimizar, ou mesmo abolir completamente, a aplicação de produtos químicos necessários para combater as diferentes pragas que se alimentam das plantas de tomate. De todas as espécies que atacam essas plantas, as moscas brancas são consideradas as mais nocivas. Elas foram uma das primeiras espécies de pragas a serem controladas biologicamente com vespas parasitas usadas em grandes escalas desde o início dos anos setenta.





(Moscas brancas que atacam as plantas)

        Atualmente, o controle da mosca branca depende principalmente da ação de insetos predadores do gênero Macrolophus que substituem completamente as vespas parasitas quando sua população atinge a sua força total no final da primavera. Esses predadores generalistas mostram uma clara preferência pelas moscas brancas, mas, ao contrário dos parasitoides, também comem outras espécies importantes de pragas, como ácaros e pulgões. Isso os torna agentes de controle biológico muito versáteis.



(Inseto Macrolophus que auxilia a predar as moscas brancas)



    Enquanto os insetos do gênero Macrolophus também podem se alimentar de componentes vegetais, como a seiva da planta, isso raramente resulta em danos reais às culturas. É necessário destacar que o controle biológico da mosca branca ainda é frequentemente problemático durante o inverno e a primavera. O controle da mosca branca durante todo o ano, portanto, requer uma abordagem um pouco diferente, combinando a ação de inimigos naturais com a de outros agentes bióticos.


       Os endófitos são um grupo promissor de agentes bióticos, pois podem auxiliar as plantas a melhorar seu sistema de defesa contra pragas. Esses endossimbiontes, por serem muito comuns e variáveis, apresentam um grande potencial na área da botânica. Após uma série de experimentos para testar o efeito da aplicação de endófitos de tomate diante as moscas brancas e suas relações com o inseto Macrolophus, descobriu-se que o crescimento do endófito fúngico usado para inocular raízes de tomate permanece restrito às raízes, mas desencadeia um sistema de defesas na parte da planta que está acima do solo. 




(Inseto Macrolophus que auxilia a predar as moscas brancas)



       Notavelmente, a eficiência dos insetos pode ser melhorada pela aplicação de endófitos, já que foi observado que o inseto Macrolophus era difundido pelas plantações de uma forma mais eficaz na presença do endófito. Acredita-se que esse fungo torna o tecido vegetal menos apetitoso para o Macrolophus, que é então forçado a mudar de um hábito alimentar onívoro para um hábito alimentar mais carnívoro. A aplicação combinada dos endófitos e insetos Macrolophus também resultou em maior número de frutos de tomate sem afetar sua qualidade e sabor.




CONSIDERAÇÕES.FINAIS

         Observa-se que os fungos endofíticos tem demonstrado muitos benefícios não apenas para as plantas, mas também para os seres humanos. Como citado anteriormente, os fungos endofíticos possuem diversas funções, como a proteção do vegetal contra insetos, produção de antibióticos e outros medicamentos, proteção do vegetal contra os ataques de herbívoros. Percebe-se, dessa forma, o enorme potencial desses micro-organismos, os quais podem, por exemplo, revolucionar totalmente a área da agricultura e da saúde. No entanto, os conhecimentos relacionados as atribuições características desses organismos ainda necessitam de maior atenção e investimentos para mais pesquisas com o intuito de compreender melhor as características e formas de otimizar esses fungos.



Para ter certeza que aprendeu sobre os fungos Endofíticos. Responda as questões:

Vamos lá então?

1. Fungos Endofíticos são capazes de:
a) produzir vacinas antibióticas como a penicilina
b) atacar as células cardíacas dos seres humanos
c) sobreviver no interior do tecido de plantas
d) se alimentarem dos nutrientes produzidos pelos insetos

2. Os Fungos Endofiticos tem uma relação de ____ com os vegetais:
a) proto-mutualismo
b) inquilismo
c) parasitismo
d) endossimbiose

3. Os Fungos Endofíticos são uma fonte importante na obtenção de:
a) Metabólitos secundários
b) Compostos inorgânicos
c) Material oxidante.
d) Componentes fotossintetizantes

4. Organismos Epifíticos vivem:
a) Dentro das células de vegetais
b) Na superfície de matéria inorgânica
c) Na superfície dos tecidos dos vegetais
d) Nas fibras musculares dos animais

5. A maioria dos Fungos Endofiticos fazem parte do filo:
a) Zygomycota
b) Ascomycota
c) Basidiomycota
d) Deuteromycota

6. Os Fungos Endofíticos ocorrem em:
a) Espaços ricos em oxigênio
b) Regiões quentes e úmidas
c) Regiões específicas na superfície terrestre
d) Todo o território terrestre

7. Pôde-se encontrar os Fungos Endofíticos em todos seres abaixo, EXCETO:
a) Musgos
b) Plantas Vasculares
c) Cianobactérias
d) Samambaias

8. A espécie hospedeira pode ser infectada pelo Endófito:
a) Horizontalmente por lesões naturais
b) Horizontalmente por lesões artificiais
c) Verticalmente pelas sementes do hospedeiro
d) Todas as opções acima

9. Os Fungos Endofíticos tem várias funções, EXCETO:
a) Proteção do vegetal contra insetos
b) Produção de antibióticos e outros medicamentos
c) Produção de substâncias que aumentam a atratividade da planta
d) Proteção do vegetal contra ataque de herbívoros

10. Os Fungos Endofíticos habitam um nicho ecológico semelhante aos/às:
a) Protozoários
b) Cianobactérias
c) Fitopatógenos
d) Algas unicelulares

Gabarito
1:C 2:D 3:A 4:C 5:B 6:D 7:C 8:D 9:C 10:C

A seguir estão alguns vídeos adicionais para se aprofundar mais sobre esse assunto: 















REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


CHAPLA, Vanessa M. BIASETTO Carolina R. ARAUJO, Angela. Fungos Endofíticos: Uma Fonte Inexplorada e Sustentável de Novos e Bioativos Produtos Naturais. Rev. Virtual Quim., 2013, 5 (3), 421-437. Data de publicação na Web: 11 de novembro de 2012

GONZALEZ, Francisco et al. New opportunities for the integration of microorganisms into biological pest control systems in greenhouse crops. Journal Of Pest Science, [s.l.], v. 89, n. 2, p.295-311, 21 mar. 2016.
Springer Nature.

Metabolites. In: BUCHANAN, B.; GRUIS, W.; JONES, R. Biochemistry and Molecular Biology of Plants. Rockville, Maryland: American Society of Plant Physiologists, 2000

SILVA, Igor Pereira.
Fungos Endofíticos: Fonte Alternativa a metabólitos secundários de plantas. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.18; p. 2014.



UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DA BAHIA INSTITUTO DE HUMANIDADES, ARTES E CIÊNCIAS-CAMPUS PAULO FREIRE MICROBIOLOGIA: NOÇÕES BÁSICA...